sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Voto Não Tem Preço; Tem Conseqüências

Não. Este não é mais um texto político-partidário dos muitos que, como eu, você deve ter recebido durante esse período pré-eleições municipais.
Não venho pedir voto nem expor meus temores eleitorais. Mas gostaria de propor uma reflexão. Uma reflexão isenta de cor partidária, embora cada um possa ter suas preferências. Aliás, essa é uma das maiores prerrogativas de uma democracia.
A reflexão que venho propor é a de uma avaliação pessoal, como cristão, diante da importante decisão que se aproxima no nosso país.
Tenho visto muitos discursos enfáticos e apaixonados, defendendo candidatos, ideologias, linhas políticas. Mas poucas ou - no máximo - tímidas mensagens abordando a urgência de uma real busca de discernimento vindo de Deus e não procedente de análises de manuais ou programas partidários.
Pensando em contribuir para essa reflexão, encaminho abaixo um texto do pr. Josué Salgado, de setembro de 2002 (publicado, à época, uma semana antes do 1º turno das eleições estaduais e presidencial), mas que continua valendo para agora e como postura contínua de cidadãos transformados pela salvação que há em Cristo e que entendem a necessidade de amar a Pátria de uma maneira mais objetiva e menos demagógica.
Orar pelo seu país, pelo seu estado e pela sua cidade não é atitude piegas ou desconectada dos deveres de um cristão; antes, é uma atitude de amor e, acima de tudo, de obediência. Se queremos paz para o nosso país, devemos orar por isso. Mas orar por esses motivos implica agir também; participar; sair do saleiro; iluminar fora da igreja; polemizar menos e buscar mais o equilíbrio; ser promotor da paz e não participante de uma turba que prega discórdia e revanchismo.
Se nunca pensou nisso ou orou sobre essas coisas, o convite está feito. Não faça do seu voto uma decisão particular, baseada em experiências pessoais ou em suposições alardeadas na mídia ou em conversas na esquina. Como diz o título do texto abaixo, "voto tem conseqüências". Compartilhe esse momento com Deus e peça orientação e discernimento a Ele. Coloque-se como instrumento para cumprir a vontade de Deus também nessa área. Jesus quer ser Senhor de toda a sua vida, inclusive dos seus atos políticos.


"Voto não tem preço;tem conseqüências" (*)
Pr. Josué Mello Salgado

Consta que o presidente norte-americano Richard Nixon afirmou que a "maioria silenciosa" estava a favor dos bombardeios e da matança de populações civis na guerra do Vietnã. A multidão silenciosa era composta por aqueles que preferiam alijar-se do processo decisório, para não se comprometerem. Quando somos indiferentes à nossa responsabilidade, na participação política, podemos com o voto branco ou nulo ajudar a que o mal seja perpetuado e verdadeiras atrocidades sejam praticadas em nosso nome. A nossa participação será usada ou manipulada.
A Bíblia nos alerta sobre a omissão, chamando-a de pecado: "Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz comete pecado" (Tiago 4:17). Com isso está desautorizada biblicamente a omissão política!
Como povo de Deus somos, entretanto, não apenas chamados à participação, mas também à participação de qualidade. Por isso que devemos votar, mas votar com consciência. O voto do cristão há que ser o voto ético pautado na ética do voto!
Se "política é a conjugação das ações de indivíduos e grupos humanos, dirigindo-as a um fim comum", então devemos entender que o nosso voto não deve visar resolver problemas ou atender interesses individuais, à parte dos interesses e necessidades dos demais integrantes da sociedade. Votar em um candidato porque resolve o meu problema pessoal, embora seja ele um político que não atenda às necessidades do bem comum, é demonstrar não compreender ainda o sentido de política, como se referindo à vida na polis, ou seja, à vida em comum.
Por outro lado não merece o nosso voto, candidato que demonstre também não compreender esse sentido basilar da política como voltada ao bem comum. Não podemos propiciar com o nosso voto (ou a falta dele), ocasião para que os maus políticos se perpetuem no poder. Não merece o nosso voto quem usa da mentira, da improbidade, da corrupção e do desrespeito aos mais fundamentais direitos da pessoa humana na prática de mandato público.
O nosso voto não tem preço; mas certamente tem profundas conseqüências para a nossa vida pessoal e, sobretudo, da sociedade em que vivemos e que desejamos deixar de herança para as gerações futuras.

Pr. Josué Mello Salgado é titular da Igreja Memorial Batista de Brasília
O texto foi publicado no boletim dominical de 29/09/2002
(*) expressão extraída do horário eleitoral gratuito - autor desconhecido

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