terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Felizes Aqueles Que Sabem Chorar


“Os que com lágrimas semeiam, com júbilo ceifarão” (Salmos 126:5)

Alguns devem ter estranhado o título desta coluna logo em janeiro... Falar em lágrimas, quando todos – ou pelo menos a maioria – têm expectativas de alegrias, sucesso e bem estar no reinício de um novo ano?

Ah! Mas como se enganam os que consideram as lágrimas sinônimo de tristeza, de desânimo, de fraqueza!

Creio que por um tempo eu acreditei nisso também. Houve uma época em que eu não gostava de chorar (embora as pessoas já estivessem acostumadas com as minhas lágrimas). Justamente porque a sociedade canaliza – e banaliza – essa preciosidade que Deus nos deu para o lugar-comum das características de quem é fraco, eu não queria me enxergar assim; principalmente fraca na fé.

Sim. Foi Deus quem criou a lágrima como uma forma de esvaziar da alma as dores e valorizou-a de tal forma que a Bíblia está recheada de exemplos de servos fiéis, consagrados e tementes que choraram diante da presença do Senhor e Ele os ouviu e atendeu, aceitando como oferta aprazível o pranto derramado.

Mas não estou falando de um pranto qualquer, desprovido de motivações genuínas. A diferença de um choro inócuo, vazio, apelativo e de autocomiseração para um pranto de desabafo e que produz uma ceifa alegre (conforme o versículo logo abaixo do título) está na presença de quem choramos. Muitos talvez não entenderão suas lágrimas de dor, de arrependimento, de angústia e talvez até zombarão delas, alocando-as nos canais estreitos de uma personalidade fraca e vulnerável. Mas Deus sempre saberá transformar cada gota saída dos seus olhos em diamantes preciosos, recolhendo-os em um odre especial.

Se o ano não começou tão feliz quanto os votos recebidos e muitas vezes repetidos como algo de praxe pelos que nos cercam, não se intimide diante do choro nem o receba como marca de fraqueza ou indiferença de Deus para com a sua vida.

Também não vá atrás de previsões ou provisões de pessoas, cujas próprias vidas não podem prever ou controlar. Apresente seu pranto diante do Senhor, o Único que pode receber e entender a essência das nossas lágrimas e o significado de cada uma delas: as de intercessão por alguém querido, e que por Ele é mais amado do que por nós; as de dúvidas interiores, cujas respostas só Ele possui; as das dores da alma, cujas feridas Ele cicatriza e sara; as da incompreensão dos outros, em cujo lugar Ele derrama o bálsamo da Sua singular presença.

Para mim, hoje, lágrimas são palavras não ditas, não verbalizadas, mas, em seu pleno significado, por Deus valorizadas. Em um desses momentos de íntima comunhão com o Senhor, escrevi um pequeno desabafo que retrata, na minha experiência, o que significam as lágrimas de alguém cuja confiança está totalmente nas mãos dAquele que tudo sabe, tudo ouve e tudo vê; a quem tudo é possível, mesmo que o impossível seja, no momento, suas lágrimas conter:

“Desaprendi a dizer...
O meu momento é verter
lágrimas... são minhas palavras
tão profusas, tão confusas
que não tento entendê-las.
Espero que ao vertê-las,
não precise das palavras...
de dizê-las!"
“Deus recolhe as minhas lágrimas no odre dEle, pois elas já estavam escritas no Seu Livro”
(cf. Sl. 56:8)

Lágrimas vertidas diante do Senhor são prenúncio de consolo e de renovação de vida! Há promessa nesse sentido empenhada pelo próprio Jesus: “Felizes as pessoas que choram, pois Deus as consolará” (Mateus 5:4). Experimente derramar as suas lágrimas na presença do Senhor e, com certeza, não apenas durante 2008, mas em todo o seu viver, você experimentará aquela paz que excede o entendimento dos que racionalizam tudo; a paz que independe de catástrofes internas ou externas, pois é vivida não nos intervalos das circunstâncias da vida, mas na constância do dia-a-dia com Deus, o Criador de tudo o que há.
(Publicado na coluna Da Redação para o Leitor,
no Jornal Carta Aberta, edição de janeiro/2008)

sábado, 19 de janeiro de 2008

ManAmiga

Quando ela chega, o sol inunda o lugar.
Mesmo que esteja entre as nuvens do chorar.
Quem a conhece, não esquece!
Sua presença aquece o coração
De quem sabe o que é ser amigo
De quem vê na amizade
Não um negócio, mas abrigo.
Minha mana mais que mana
Mistério de amizade nascida
Antes de sermos uma para a outra;
Antes de sermos conhecidas...
Porque Deus assim escreveu
Desde antes, muito antes:
“Vão ser amigas-irmãs, essas meninas”.
Ela e eu!

(Nane - 18/01/2008)

Ah! Como é bom ter amigos para amar e por eles ser amada! O poema acima é dedicado a alguém muito especial que entrou na minha vida para trazer só alegria: minha mana Crixxxzzz, minha amiga Cristininha. Com ela, sou quem eu sou não quem eu acho que tenho que ser. Com ela, meus sorrisos são mais... são gargalhadas. Com ela, minhas lágrimas correm soltas, sem medo de cair. Amiga e irmã por opção... de Deus! Foi Ele quem nos deu uma à outra e a Deus eu sou grata por mais um ano de vida que Ele deu a esse presente em forma de gente!
"Tiamuti, mana!"

domingo, 13 de janeiro de 2008

A Um Amigo Recente Que Se Fez Antigo


Foi num dia de verão que nem tava tão quente...
Esse menino apareceu, assim, de repente.
E num instante fez-se eterno
Com seu olhar sincero e terno
Desmontou paradigmas virtuais
Despertou sentimentos reais
Desses que não se compram em lojas
Desses que se doam em laços
E se aprofundam em abraços
Trocados mesmo em pensamentos
Antes do toque dos braços
Antes do ataque dos ventos
Assim ele foi ficando
Foi semeando, cativando
E mesmo quando o verão passar
O que ele plantou não vai murchar
Pois o que se planta com emoção,
É como as flores do campo e os baobás:
Permanecem em qualquer estação.
(Nane - feveveiro/2007)
Gosto de homenagear pessoas com palavras. Mas gosto de fazer enquanto há vida; enquanto há dias pra se viver. Homenagens póstumas podem ser bonitas, válidas, mas quem mais precisava ouvi-las talvez nunca tenha sentido sequer o calor do abraço de quem o homenageou.
O poema acima foi escrito apenas 1 mês após conhecer Leri Machado (músico talentoso, baixista dos melhores, amigo "Pequeno Príncipe", coração maior do que o peito). Publico aqui o que o homenageado já leu há 1 ano simplesmente para que mais pessoas continuem acreditando que há, sim, sentimentos reais e verdadeiros em meio aos engarrafamentos caóticos da vida (real ou virtual)!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Como Dói A Dor Da Saudade...



Queria ter vindo aqui no dia 1º, ainda na euforia dos fogos de artifício e embalada pelos abraços que sempre acompanham o nascer de um novo ano.

Mas não deu para vir antes de hoje e, por isso, as palavras de agora não são de Feliz 2008 (ainda que seja esse o meu desejo para todos que estejam lendo) e nem meu abraço é do tipo efusivo...

Ontem e hoje estou vivendo um sentimento bíblico, lindamente expresso numa pequena canção do grupo Vencedores Por Cristo, cuja letra diz o seguinte: "Ame ao Senhor com todo o seu coração; com toda a força e razão; com todo o seu desejar. Ame ao seu próximo como se fosse você; como se a dor que ele sente fosse a que sente você... Ame ao seu próximo como se fosse você; como se a dor que ele sente doesse mais em você".

Ontem fez 1 ano que faleceu o pai de uma amiga mais chegada que irmã. Hoje, também faz 1 ano que Deus chamou para Si o filhinho de outra querida amiga do coração. Crixxxzzz e Ruby são os nomes das minhas manas mais que amadas. Adenyr e Matheus (o querido Tetheus), os nomes dos amados que partiram.

O que falar em momentos como este? Acho que todos nós nos perguntamos quando enfrentamos esse tipo de ocasião. Mas não há palavras realmente. Esqueça-as. Elas não confortam, não trazem de volta, não apagam da memória as noites mal-dormidas e o sofrimento no rosto de quem se ama.

O conforto para esta e tantas outras situações que dóem n'alma vem apenas dAquele, cuja mente perfeita preparou este momento - não tão oportuno para a nossa mente limitada - e cujas mãos são as únicas que têm o afago certo para as horas incertas.

Pensando nisso e lembrando de momentos semelhantes (nunca iguais... pois cada um é único), encontrei palavras. Não... na verdade, elas me encontraram! No meio do deserto das letras, Deus inspirou meu desabafo. Sim... não são palavras para consolar; apenas para ratificar que elas não existem e que o consolo está em ter fé nAquele que existe desde sempre e que de nós não desiste, mesmo quando a dor parece grande demais para crer nessa Verdade:

"Ô dor que dói... essa dor da saudade!
Dor que aperta, que maltrata
e que só se acerta quando Deus mesmo trata...
Quando o coração moído, dilacerado,
é por Jesus reconstruído, com amor e cuidado...
Quando a lágrima insiste em voltar a ser pranto
e encontra seu porto no Espírito Santo...
Ô dor que dói... essa dor da saudade!
É dor que não passa... parece que aumenta!
E quem diz que o tempo é remédio
não sabe que é do tempo que essa dor se alimenta.
Mas, ah... como é bom ter a paz que ninguém entende,
mas que se sente mesmo na dor da saudade,
quando se tem comunhão plena com a divina Trindade!"
(Nane - 07/01/08)

*Na foto, Matheus e Ruby. Para mim, um quadro dos mais belos. Amo vê-los olhando o horizonte, admirando o céu, onde Tetheus e tio Adenyr (pai da Cristininha) apenas chegaram antes... A propósito, você tem essa mesma certeza de que está caminhando para lá?